Presidente do Sinpro/AL fala sobre o reajuste da categoria e a nova posição da entidade após 12 meses de trabalho
O presidente do Sindicato dos Professores de Alagoas, Eduardo Vasconcelos, falou sobre os bastidores da negociação do reajuste da categoria e as medidas que podem ser adotadas pela entidade classista com o apoio dos professores. Vasconcelos aproveitou a entrevista para chamar atenção da necessidade dos professores na vida ativa do Sindicato e nos momentos de decisões, como em assembleias.
Por fim, o presidente do Sinpro falou um pouco sobre os recentes avanços de 1 ano da gestão “Somos professores com orgulho e exigimos respeito” e da coragem dos professores em denunciar os desmandos praticados pelos estabelecimentos de ensino.
Confira a íntegra:
Após todas as negociações esgotadas sobre o reajuste salarial com o setor patronal e mediações realizadas pelo MPT, qual a medida cabível?
Eduardo Vasconcelos – Tem que se exaurir todas as possibilidades de acordo e caso não tenhamos êxito, temos todas as atas de mediação, todos os pedidos e podemos ingressar com uma ação na Justiça do Trabalho pedindo para que a mesma julgue o que a gente chama de dissídio coletivo. Essa é uma das possibilidades, que a diretoria do Sinpro já está estudando.
O setor patronal alega crise, mas historicamente nunca dividiram seus lucros nos momentos bons e agora segue com a mesma prática. Uma postura extremamente coronelista das escolas.
Hoje há uma mudança na forma de negociar, foi criada uma comissão com representantes das escolas: Santa Úrsula, Contato e COC. Se o Sindicato dos Professores está se reorganizando, o Sindicato das Escolas também está e isso é bom, pois se as duas categorias forem no caminho certo ambas podem avançar.
E qual a proposta dentro do dissídio coletivo?
EV – Aí o magistrado vai fazer todo um estudo relacionado às questões estatísticas para embasar o possível pedido jurídico, onde entra também as questões das cláusulas sociais.
Há outra possibilidade sem ser a jurídica?
EV – O outro caminho seria a questão política, por meio de paralisações, greve, tudo isso claro dependendo do nível de acirramento das negociações. Há três linhas: o diálogo, a política ou a judicialização do caso.
E o respaldo do professor nesse processo?
EV – Historicamente o Sindicato dos Professores foi omisso. Como houve uma mudança de postura relacionada aos novos dirigentes, isso é público e notório e até reconhecido nacionalmente, a gente percebeu que a categoria também tem que avançar. O que é muito comum, e a gente entende, é que há muitas críticas dos próprios professores e isso não ajuda, só atrapalha, na verdade todos os sindicatos que tem grandes avanços é porque eles tem a categoria ao lado. A categoria tem que avançar e perceber que existe uma mudança na postura do Sindicato.
O reajuste não é o Sindicato que dá, o reajuste é uma conquista que precisa ter o respaldo da categoria, indo para assembleia, propondo e não ficando apenas nas redes sociais criticando de longe o Sindicato, sem o posicionamento político. O que estamos fazendo é apenas o primeiro passo, a gente quer que os professores tenham consciência que essa gestão vai passar e que precisamos de novos grupos para colocar esse trabalho pra frente.
Infelizmente uma pessoa ou um grupo pode até melhorar um pouco a realidade, mas não vai melhorar a questão estrutural. Hoje tudo que é decidido no Sindicato, na questão política mais ampla, é discutido em assembleia. Por isso é tão importante a participação de todos.
Qual a realidade da participação dos professores nas discussões coletivas?
EV – O que é muito comum é haver a convocação da assembleia, os professores ficarem em casa e quando há alguma deliberação pela maioria, ai vem a crítica porque fechou em tantos por cento. Temos que deixar a comodidade de lado e fazer parte da vida política, ativa do nosso Sindicato. O direcionamento do Sindicato vem da categoria, os professores devem entender que hoje o Sindicato mudou.
Muitos professores temem sofrer represálias por participar de forma ativa do Sinpro. O que você tem a dizer para esse professor?
EV – Anteriormente eu fiz uma crítica aos professores e agora vou fazer um elogio: devido a nossa rede social, o site, os contatos de telefone, a ouvidoria o professor perdeu o medo de participar. Os professores estão analisando e percebendo que a postura do Sindicato é outra. Hoje nós temos um nível de denúncias muito grande e isso é muito bom, mas é bom deixar claro que o anonimato do professor é preservado. Cada dia avançamos nesse aspecto.
Em lugares que o Sinpro era desconhecido, como na parte alta de Maceió, hoje já temos inserção junto a categoria. Estamos ampliando no interior do Estado também.
Nesses 12 meses de gestão, em que o Sinpro avançou?
EV – Hoje temos um jurídico muito forte, são mais de 50 ações coletivas tramitando, mais de 70 ações individuais. Muitas denúncias que se tornaram inquérito civil no Ministério Público do Trabalho, denúncias de fiscalização no Ministério do Trabalho e Emprego, muitas parcerias como o PROMO com o MPT, capitaneado pelo procurador Rodrigo Alencar, projeto de meia-entrada para os professores, campanha pente fino que fiscaliza as instituições de ensino. Somos representantes dos professores do Sistema S, ganhamos na Justiça esse direito. Além de termos hoje um calendário anual de formação de palestras e seminários.
Somos professores com orgulho e exigimos respeito!