O triunfo da democracia sobre o golpe
O Sindicato dos Professores de Pernambuco (Sinpro/PE) divulgou em seu site a posição da entidade classista, na qual o Sindicato dos Professores de Alagoas (Sinpro/AL) comunga, em relação aos recentes acontecimentos no país.
Leia a íntegra do editoral em favor da democracia:
O triunfo da democracia sobre o golpe
Em meio a uma turbulenta crise política e econômica, o governo da presidenta Dilma recentemente foi alvo de mais uma tentativa de golpe, a partir da manobra do deputado Eduardo Cunha ao acatar o pedido de impeachment como forma de retaliação a postura do partido dos Trabalhadores (PT) que aderiu a campanha Fora Cunha!
Um episódio que suja a imagem das nossas instituições políticas, mas que expõem o jogo dos setores reacionários e fascistas que tentam a qualquer custo anular a democracia no país.
Eduardo Cunha mostrou a quem serve e a quais interesses é filiado. Defensor convicto das elites e contrário à democracia, o deputado adotou a chantagem como tática para se perpetuar na condução da Câmara Federal. Envolvido em escândalos de corrupção, recebimento de propinas e proprietário de contas na Suíça, Cunha conseguiu chegar ao ápice do cinismo, ao patrocinar a tentativa de golpe, a partir do poder Legislativo.
Desmoralizado politicamente, Eduardo Cunha tornou-se a personificação da pequena política, da barganha eleitoral, da desonestidade e da corrupção. E a serviço dos “demotucanos”, numa manobra maliciosa, desesperada e visando a manutenção do seu posto de mandatário da Câmara Federal, acatou pela abertura do processo de impeachment, desrespeitando a democracia e ameaçando a república.
Porém, a falta de legitimidade dessa tentativa de impeachment é diretamente proporcional a escassez moral do deputado Eduardo Cunha, principalmente nessa atual quadra em que são percebidas inúmeras evidências que atestam o vínculo entre o deputado e os escândalos de corrupção investigados pela Lava Jato. Seu objetivo é entregar o país a uma agenda de retrocessos.
Um parlamentar que recebe propina de banqueiros e empresários, que abusa de suas prerrogativas políticas, é denunciado no Conselho de Ética, faz chantagens à democracia e põe a Constituição em risco não tem legitimidade de acusar a presidenta Dilma. Esse golpe articulado por Cunha e demais membros da direita é ilegítimo, ilegal e imoral. Um episódio que precisamos superar, a partir da unidade entre os movimentos sociais, partidos e o amplo conjunto de forças progressistas, nacionalistas e de esquerda.
Felizmente, estamos percebendo um grande número de organizações, intelectuais, artistas e outros atores políticos que vem externando suas opiniões e se colocando na linha de defesa dos interesses democráticos e se opondo ao processo de impeachment da presidenta Dilma. Porém, apenas isso não basta.
É chegada a hora do Brasil decidir e superar essa encruzilhada histórica. É preciso dizer não ao jogo baixo das chantagens, retaliação e golpismo, instituído por Eduardo Cunha e seus aliados. Restabelecer à ordem democrática e constitucional ao país é necessário e vital para rompermos com a agenda de mentiras e retrocessos que vem sendo apresentada.
Ao invés de golpismo, o Brasil precisa ser muito maior que as crises impostas. Deve incrementar um panorama de retomada do crescimento, gerar empregos de qualidade, garantir a inclusão social e reorientar a lógica de suas políticas econômicas e fiscais, uma vez que não é justo que a classe trabalhadora pague pelo atual contexto econômico.
Precisamos enfrentar a atual onda conservadora e inverter a lógica imposta pelos mais ricos e poderosos. É imperioso enfrentar esse panorama de crise e todo ódio de classe pregado pelos mais privilegiados a partir da defesa à liberdade, diversidade, democracia, soberania, desenvolvimento e inclusão social. Conceber o retorno à ditadura é irracional e perigoso aos interesses do povo.
Percebemos que esse golpe já nasceu morto, pois não tem o apoio e a legitimidade das ruas, resumindo-se apenas a uma manobra congressual a serviço da direita que até hoje não aceitou a sua derrocada e agora quer acabar com a democracia. Porém, não podemos deixar de considerar que sua existência ou possibilidade, ainda que remota, é perigosa. A Constituição Federal não pode ser preterida ou jogada no lixo e para isso, será fundamental que a nossa unidade política derrote todos e quaisquer posicionamentos reacionários, preserve a democracia e conduza o país à retomada do desenvolvimento, ao fortalecimento da soberania e a defesa nacional.
Não permitiremos o golpe! Viva a democracia!