Brasil
Portal CTB destaca Campanha Nacional contra Desprofissionalização do Professor
Contee lança campanha nacional pela valorização do profissional do magistério
“A educação brasileira corre sério risco com as medidas que vêm sendo tomadas pelo governo de Michel Temer”, diz Madalena Guasco Peixoto, secretária-geral e vice-coordenadora da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee).Para se contrapor às ameaças que pairam sobre a educação, principalmente no setor público, a Contee lança a Campanha Nacional contra a Desprofissionalização do Professor. “O nosso objetivo é mostrar à sociedade a importância de termos uma boa educação para garantir um futuro pleno de possibilidades para as nossas crianças e jovens”, acentua.Além do projeto Escola Sem Partido e o congelamento dos investimentos em educação por 20 anos, Peixoto cita três medidas, que na sua opinião mostram o caráter das reformas propostas pelo governo federal.A primeira medida citada é o rebaixamento da licenciatura de 3.600 horas para 100 horas e ainda à distância. “Dessa forma, qualquer pode fazer esse curso e em 100 horas fica habilitado a dar aula sobre o que estudou nesse escasso período”, conta.
Outro projeto é a portaria que liberou o ensino à distância para a
educação básica. “Assim elimina a figura da professora e liquida com a possibilidade de um ensino voltado para o desenvolvimento pleno dos alunos e a socialização do conhecimento, a troca de experiências”.
Assista o vídeo da campanha:
Finalmente, diz Peixoto, “a reforma do ensino médio detona a possibilidade de uma educação voltada para a ampliação dos horizontes das pessoas”. Ela cita ainda a intenção do Ministério da Educação (MEC) em “privatizar as escolas, que poderão terceirizar o seu quadro de funcionários, inclusive professoras e professores”.
Já para Marilene Betros, secretária de Políticas Educacionais da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), “a campanha da Contee é interessante porque apresenta à sociedade o desmonte que esse governo está fazendo na educação pública principalmente”.
Betros afirma que o Piso Salarial Nacional do Magistério e a obrigatoriedade de se aplicar os planos de carreira, valorizando a formação “podem ir por água abaixo com essas medidas inóspitas tomadas pelo MEC e pelo Congresso Nacional. Medidas que favorecem apenas a uma minoria muito rica que pode arcar com os custos de uma educação extremamente cara para os seus filhos e filhas”.
Ela questiona também a possibilidade de educadoras e educadores poderem ser contratados com base no “notório saber”. De acordo com a sindicalista da CTB, “com isso qualquer um poderá lecionar, mesmo sem ter didática alguma”.
Peixoto explica que essa á a primeira fase da campanha. Na próxima fase “frequentaremos todas as assembleias legislativas estaduais para mostrar o perigo de o país ficar sem professores e sem uma educação compatível com as nossas necessidades”.
“Um país sem professores e professoras é um país sem futuro”, conclui a jornalista Táscia Souza no site da Contee.
Por Marcos Aurélio Ruy, do Portal CTB
Você sabe o que é Dislexia?
Dislexia é um transtorno genético e hereditário da linguagem, de origem neurobiológica, que se caracteriza pela dificuldade de decodificar o estímulo escrito ou o símbolo gráfico. A dislexia compromete a capacidade de aprender a ler e escrever com correção e fluência e de compreender um texto. Em diferentes graus, os portadores desse defeito congênito não conseguem estabelecer a memória fonêmica, isto é, associar os fonemas às letras.
De acordo com a Associação Brasileira de Dislexia, o transtorno acomete de 0,5% a 17% da população mundial, pode manifestar-se em pessoas com inteligência normal ou mesmo superior e persistir na vida adulta.
A causa do distúrbio é uma alteração cromossômica hereditária, o que explica a ocorrência em pessoas da mesma família. Pesquisas recentes mostram que a dislexia pode estar relacionada com a produção excessiva de testosterona pela mãe durante a gestação da criança.
Sintomas
Os sintomas variam de acordo com os diferentes graus de gravidade do distúrbio e tornam-se mais evidentes durante a fase da alfabetização. Entre os mais comuns encontram-se as seguintes dificuldades: 1) para ler, escrever e soletrar; 2) de entendimento do texto escrito; 3) para de identificar fonemas, associá-los às letras e reconhecer rimas e aliterações; 4) para decorar a tabuada, reconhecer símbolos e conceitos matemáticos (discalculia); 5) ortográficas: troca de letras, inversão, omissão ou acréscimo de letras e sílabas (disgrafia); 6) de organização temporal e espacial e coordenação motora.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito por exclusão, em geral por equipe multidisciplinar (médico, psicólogo, psicopedagogo, fonoaudiólogo, neurologista). Antes de afirmar que uma pessoa é disléxica, é preciso descartar a ocorrência de deficiências visuais e auditivas, déficit de atenção, escolarização inadequada, problemas emocionais, psicológicos e socioeconômicos que possam interferir na aprendizagem.
É de extrema importância estabelecer o diagnóstico precoce para evitar que sejam atribuídos aos portadores do transtorno rótulos depreciativos, com reflexos negativos sobre sua auto-estima e projeto de vida.
Tratamento
Ainda não se conhece a cura para a dislexia. O tratamento exige a participação de especialistas em várias áreas (pedagogia, fonoaudiologia, psicologia, etc.) para ajudar o portador de dislexia a superar, na medida do possível, o comprometimento no mecanismo da leitura, da expressão escrita ou da matemática.
Recomendações
* Algumas dificuldades que as crianças podem apresentar durante a alfabetização só ocorrem porque são pequenas e imaturas e ainda não estão prontas para iniciar o processo de leitura e escrita. Se as dificuldades persistirem, o ideal é encaminhar a criança para avaliação por profissionais capacitados;
* O diagnóstico de dislexia não significa que a criança seja menos inteligente; significa apenas que é portadora de um distúrbio que pode ser corrigido ou atenuado;
* O tratamento da dislexia pressupõe um processo longo que demanda persistência;
* Portadores de dislexia devem dar preferência a escolas preparadas para atender suas necessidades específicas;
* Saber que a pessoa é portadora de dislexia e as características do distúrbio é o melhor caminho para evitar prejuízos no desempenho escolar e social e os rótulos depreciativos que levam à baixa-estima.
Fonte: Dr. Drauzio Varella
Pesquisa mapeia o celular em sala
Como os jovens de escolas da periferia constroem sua experiência escolar em um contexto marcado pela disseminação maciça de aparelhos tecnológicos? Essa foi a pergunta que norteou a pesquisa etnográfica conduzida pelo especialista André Toreli Salatino, da Feusp. O projeto envolveu um trabalho de campo prolongado em uma escola da periferia de São Paulo e se baseou na observação de dezenas de estudantes e de práticas juvenis fundadas na utilização do aparelho celular, que segundo Salantino observou, ocupa um lugar central nas relações.
Uma de suas conclusões foi a de que os equipamentos não são vistos como objetos de aprendizagem entre os alunos, apesar da disseminação desse uso pelas empresas de tecnologia e por diversas instituições de ensino. Longe disso, os aparelhos são manuseados livremente, sem a intervenção dos professores, e criam redes de relações paralelas às vivenciadas presencialmente. Nesses momentos, os alunos se “ausentam” da sala de aula, direcionando sua criatividade, tempo e energia para o mundo virtual, pontuou o estudioso.
A pesquisa aponta para a necessidade de os educadores repensarem a liberação desses aparelhos nas escolas e para a importância da criação de situações de aprendizagem envolvendo os equipamentos, já que essas situações não serão criadas espontaneamente, como frisou.
Revista Educação
O braille e a sua importância na educação do deficiente visual
Por volta de 1815 a França andava envolvida em múltiplas guerras. As constantes mensagens que circulavam não podiam ser lidas de noite já que, para tal, era necessária luz, o que despertaria o inimigo. Assim, o oficial de artilharia Charles Barbier, inventou um processo de escrita em relevo, por pontos, que pudesse ser lida com os dedos, sem necessidade de luz.
Chamou-se a esse sistema escrita noturna. Louis Braille, que cegara aos três anos por acidente, em 1812, encontrava-se a estudar na Instituição Nacional dos Jovens Cegos de Paris quando teve conhecimento da escrita noturna. Entrou logo em contato com Charles Barbier, estudou o seu sistema, aperfeiçoou-o e reduziu-o para seis pontos. Este novo método tornou-se universal sob o
seu nome: Método da Escrita Braille, que se resume na célula Braille.
Na leitura Braille são usados caracteres em relevo, em combinações diferentes de seis pontos, organizados em unidades de dois pontos na largura e três na altura. Os símbolos são trabalhados em relevo, em papel manilha grosso, da esquerda para a direita, e geralmente o leitor “lê” com uma das mãos e, com a outra, mantém a posição vertical.
As anotações de música, pontuação, matemática e ciências baseiam-se no mesmo sistema.A escrita Braille é um outro acréscimo ao currículo das crianças cegas.Há vários instrumentos para escrever os símbolos, sendo o mais fácil e mais rápido a máquina de escrever braille ou máquina de escrita braille. Ela tem seis teclas, que correspondem a cada um dos seis pontos da unidade. Um bom dactilógrafo braille pode bater de quarenta a sessenta palavras por minuto. O Braille também pode ser escrito à mão, utilizando-se uma plaqueta (pauta) e um estilete (punção) que permitem que a criança faça as perfurações numa unidade braille padrão.
A datilografia, raramente incluída no currículo elementar das crianças com visão, é muito importante para as crianças cegas, caso se espere que comuniquem com o mundo dos que têm visão, pois um número muito pequeno de pessoas com visão consegue ler Braille. As crianças cegas devem aprender a usar a máquina de escrever comum tão cedo quanto possível. A escrita à mão é muitas vezes difícil, no entanto, deve-se incentivar a criança a assinar o seu nome.
A incapacidade de escrever o seu próprio nome é muitas vezes uma fonte de embaraço, e é por esse motivo que se enfatiza a aprendizagem da assinatura. A máquina de escrever tem tudo, mas não substitui recursos como guias de metal, necessários para ajudar a ensinar a escrita à mão.
O professor de braille e a criança cega
O ensino do Braille requer que o contato entre professor e aluno seja individualizado e próximo. Num contato deste tipo o professor de Braille pode ser uma fonte de aconselhamento e suporte para o aluno, na medida em que o escuta quando, expressa sentimentos, lhe esclarece dúvidas e lhe regula expectativas relacionadas com a situação presente e futura.
Esta ação é importante porque diminui tenções emocionais, motiva o aluno para agir e contribui para que o mesmo não fixe para si, objetivos irrealizáveis, cuja não concretização lhe causaria frustrações, sempre limitativas de uma vivência satisfatória. Da aprendizagem do sistema Braille até uma leitura destra, gratificante, há um longo caminho a percorrer.
Pressupõem-se as bases de um bom ensino e muitas horas de prática para desenvolver até esse nível o sentido do tacto. Hoje em dia é preciso ter mais força de vontade e um gosto inato pela leitura táctil para nos disponibilizarmos assim para ela, resistindo ao apelo dos cada vez mais livros gravados, dos programas de rádio e televisão que agora nos entram em casa em catadupa, das novas tecnologias, dos trabalhos manuais menos exigentes em termos de concentração. Além disso, a leitura é uma atividade possessiva que nos subtrai ao ambiente circundante, que nos solicita por inteiro. Não nos entregamos a ela de bom agrado sem esperar contrapartidas que valham
o que deixamos.
FONTE: Apadev.org.br
Brasil tem 1,7 milhão de jovens fora da escola, diz Unicef
No Brasil, os adolescentes de 15 a 17 anos são os mais excluídos da educação – cerca de 1,7 milhões deles estão fora da sala de aula. Além da exclusão, os jovens também enfrentam defasagem entre idade e série: 35% dos matriculados (3,1 milhões) dessa faixa etária frequentam o ensino fundamental e 31,1% dos alunos que cursam o ensino médio (2,6 milhões) sofrem atraso escolar. Se a situação permanecer, o país vai levar mais 30 anos para conseguir universalizar o ensino médio.
Os dados fazem parte do relatório “10 Desafios do Ensino Médio no Brasil”, divulgado na última quarta-feira (11) e realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Para o estudo foram entrevistados 250 adolescentes que estão fora da escola ou em risco de abandoná-la em Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Belém (PA), Fortaleza (CE), São Paulo (SP) e Santana do Riacho (MG). Violência familiar, gravidez precoce e trabalho foram as principais causas de abandono apontadas pelos jovens.
O relatório do Unicef apresenta também dez desafios para transformar o quadro brasileiro de exclusão no ensino médio:
1. Lidar com os adolescentes que estão retidos no ensino fundamental
2. Trazer para a sala de aula os excluídos do ensino médio
3. Investir na relação educador-educando
4. Valorizar o professor
5. Levar em conta a diversidade do público e dos contextos
6. Enfrentar a discriminação, a violência e o bullying
7. Repensar a organização escolar
8. Definir uma identidade para o ensino médio
9. Investir mais em educação
10. Garantir um fluxo escolar adequado e o acesso ao ensino médio para todos os adolescentes
Fonte: Revista Educação.
Em Comissão Geral da Câmara, Contee defende ajustes feitos no Fies e cobra outras medidas de controle público sobre o programa
A coordenadora da Secretaria de Assuntos Institucionais da Contee, Nara Teixeira de Souza, representou a Confederação hoje (25) na reunião da Comissão Geral da Câmara sobre os ajustes feitos pelo governo no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e defendeu as medidas adotadas pelo Ministério de Educação.
“Quem trabalha na educação privada conhece a realidade”, declarou Nara, ao afirmar que tanto o limite aos reajustes das mensalidades quanto a exigência de nota mínima no Exame Nacional do Ensino Médio para elegibilidade ao Fies são essenciais. “Muitas vezes os reajustes abusivos são usados para justificar o pagamento dos trabalhadores, mas, nos últimos anos, dificilmente conseguimos um reajuste maior que 1% ou 2% acima da inflação. As mensalidades às vezes são reajustadas em 15% e isso não é repassado aos trabalhadores”, denunciou, derrubando o argumento utilizado por representantes das empresas educacionais durante a reunião, segundo o qual , sem repasses dos Fies, não há condições de pagar os salários de professores e técnicos administrativos. “Não é uma contra-argumentação correta jogar o reajuste da mensalidade em cima do trabalhador.”
A diretora da Contee ressaltou ainda que a Confederação, além de defender as medidas do MEC, considera que outros critérios devem ser adotados, como o impedimento de que estabelecimentos de ensino com dívidas trabalhistas sejam beneficiadas com repasses do Fies. Ela citou também casos como o da Kroton Educacional, que é a maior instituição de ensino privado do mundo e tem mais de 60% de alunos matriculados via Fies, cuja verba, certamente, contribuiu muito para o a empresa ter obtido um lucro líquido de R$ 244 milhões no último trimestre no ano passado, um aumento de 108,9% em relação ao mesmo período do ano anterior.
“Não precisamos apenas garantir apenas que os estudantes tenham acesso ao ensino superior, mas assegurar que esse ensino superior tenha qualidade”, afirmou Nara. “Por isso é necessário ampliar o controle e aprovar o Insaes (Instituto Nacional de Supervisão e Avaliação da Educação Superior)”.
A presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Virgínia (Vic) Barros, também defendeu a necessidade de reforçar a necessidade de controle público nas instituições privadas e de regulamentação do ensino privado. Representando a liderança do governo, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), por sua vez, considerou que o Fies não pode ser analisado isoladamente, devendo ser enquadrado na situação geral do ensino superior do Brasil. Segundo ele, o Fundo precisa ser sustentável para o Estado e para os beneficiários. Sobre a nota mínima de 450 pontos no Enem, ele defendeu a medida como forma de alinhar ao que já é exigido para o Programa Universidade para Todos (ProUni) e reiterou que é imprescindível investir na qualidade da educação secundária no Brasil.
Interesse nos lucros
O ministro interino da Educação, Luiz Cláudio Costa, garantiu que todos os 1,9 milhão de estudantes beneficiados pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), terão seus contratos com o programa renovados para este ano. Mas, nas falas dos representantes de instituições de ensino superior e de deputados favoráveis aos interesses mercantis, ficou evidente que o principal interesse dos estabelecimentos de ensino é continuar mantendo seus lucros, sem qualquer inadimplência. Esses grupos acusaram o governo de falta de transparência, criticaram o fato de não terem sido consultados sobre as mudanças e alegaram não ter como reajustar as mensalidades com base na inflação de 6,4%.
Para evidenciar esses interesses, a Contee encaminhou aos parlamentares a nota pública da Confederação a respeito do Fies. Leia a nota abaixo:
Excelentíssimos/as Senhores/as Parlamentares:
A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino – Contee, fundada em 1990, a qual representa, há 25 anos, os/as professores/as e técnicos/as administrativos/as que atuam na educação privada, tendo, atualmente, cerca de 1 milhão de trabalhadores/as na base, manifesta seu posicionamento com relação às medidas tomadas para regulamentar o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
A Contee vive de perto a realidade das instituições privadas de ensino e, no caso específico do ensino superior, tem conhecimento dos vários estratagemas usados pelos estabelecimentos mercantis para utilizar o Fies de modo a garantir grande lucratividade.
Essas empresas têm se valido cada vez mais de verbas públicas para ampliar seus lucros, oferecendo, quando muito, o mínimo de contrapartida no que se refere à qualidade da educação dada aos estudantes e à valorização de docentes e auxiliares de administração escolar. E, além disso, acusando de ingerência qualquer tentativa do governo e da sociedade de fazê-las cumprir as normas gerais da educação nacional.
Por isso, a Contee vem se posicionar a respeito das mudanças nas regras do Fies, que têm provocado a irritação das empresas de ensino superior, muitas das quais representam grandes conglomerados com ações abertas na bolsa de valores (ações que, inclusive, continuam em alta e crescimento constantes, mesmo em tempos de crise econômica, o que mostra a rentabilidade do “negócio”). Para tentar impedir que se estabelecesse um limite para o reajuste das mensalidades, essas empresas entraram com ação judicial mesmo depois do recuo do governo, que aumentou o percentual de 4,5% (equivalente à meta de inflação) para 6,4% (o valor da inflação oficial em 2014).
A ideia de impor um limite ao aumento das mensalidades como condição para o Fies é muito correta, porque, como sabemos, os reajustes muito acima da inflação não têm sido usados para a melhoria das condições de ensino e trabalho, visando apenas o aumento dos lucros. Além disso, é de conhecimento público que essas empresas, com o objetivo apenas de obter lucros através do repasse de verbas públicas, ainda prejudicam o aluno que precisa do Fies, uma vez que praticam dois tipos de mensalidade: uma mais baixa para o aluno pagante e outra bem mais alta para o aluno beneficiado pelo Fundo.
Consideramos correta também a vinculação da nota mínima do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e a exigência de não ter zerado a redação como condição para a concessão do financiamento. Isso é fundamental porque, uma vez que o dinheiro público está financiando o estudo dos estudantes, é condição vinculante o aproveitamento escolar e medidas que diminuam a enorme evasão que ocorre nas instituições com os alunos do Fies.
Ressaltamos ainda que outras medidas deveriam ser tomadas, como, por exemplo, impedir que as instituições fechem cursos e períodos nos quais possuem alunos do Fies, bem como estabelecer limites de proporcionalidade para o total de bolsas em cada instituição, pois é absurdo termos instituições que possuem quase 100% de alunos matriculados pelo Fies. Além de ser patente que esses estabelecimentos de ensino foram criados para usufruir do dinheiro público, é ainda muito temerária essa vinculação, visto que, se por algum motivo as instituições vierem a fechar, são enormes os prejuízos para os estudantes. Por isso, é necessário elaborar regras contratuais que interrompam imediatamente o repasse do Fies para as instituições que viessem a fechar.
A concessão do número de bolsas de financiamento deveria estar também vinculada à avaliação, de modo que a instituição que fosse melhor avaliada pudesse ampliar o número de matrículas pelo Fies.
Outra medida importante seria assegurar a concessão do Fies somente para instituições que não tivessem dívidas trabalhistas, porque muitas delas, algumas inclusive aqui em Brasília, possuem imensos débitos e, mesmo com o bloqueio de títulos públicos feito pela Justiça laboral, continuam negociando os papéis sem pagar suas dívidas com os trabalhadores e usufruindo dos lucros com o repasse do Fundo de Financiamento.
Consideramos que o Fies é um importante programa de financiamento, que visa a inclusão na educação superior, mas não podemos concordar com a tendência de crescimento dos recursos públicos empenhados no Fundo, os quais, em quatro anos, saltaram de R$ 1,1 bilhão para R$ 13,7 bilhões. A Contee considera que uma política de ampliação da educação superior pública é muito democrática e inclusiva.
Tanto a pressão sobre o governo quanto a ação judicial, mencionada anteriormente, que possibilitou às empresas aumentar as mensalidades sem qualquer limite evidencia a perigosa e direta ingerência dos empresários da educação sobre a política educacional brasileira e sobre a quantidade de recursos públicos a serem passados à iniciativa privada. E essas mesmas empresas que “reivindicam” cada vez mais repasses públicos para os cofres e bolsos do setor privado, valendo-se das políticas governamentais como o Fies para ampliar seus lucros, são aquelas que, na Conferência Nacional de Educação (Conae/2014), acusaram o mesmo governo que lhes sustenta de tentar interferir em seus “negócios” através de mecanismos como o Instituto Nacional de Supervisão e Avaliação da Educação Superior (Insaes) e do Sistema Nacional de Educação, com a devida regulamentação do setor privado, aplicando a ele exigências legais idênticas às determinadas para a rede pública.
Reiteramos que a Contee considera que a política do Fies é, sim, uma política de inclusão, mas a sua regulamentação é fundamental para que ela não se transforme em instrumento dos interesses mercantis na educação, de lucro fácil, sem a preocupação com a formação dos nossos jovens. O fato de as empresas de educação se posicionarem contra as medidas ministeriais de regulamentação do Fies demonstra o quanto sua preocupação se restringe à própria lucratividade, utilizando apenas dos critérios econômicos para admitir os estudantes nas instituições, numa clara demonstração de que o que importa é o repasse do Fies, e não o aprendizado e a formação do aluno.
Sabemos que as medidas foram tomadas devido à contenção dos gastos, mas são medidas corretas. Em vista disso e de tudo o que foi exposto, a Contee reivindica do Congresso Nacional uma posição firme sobre essa questão, inclusive com apoio ao grupo formado pelos Ministérios da Educação e da Justiça para analisar as mensalidades cobradas pelos cursos superiores financiados pelo Fies, a fim de evitar cobranças abusivas que comprometam tanto a oferta do financiamento como o pagamento futuro pelos estudantes. É fundamental também que os/as senhores/as parlamentares atuem em defesa da aprovação no Insaes, da implementação do Sistema Nacional até junho do próximo ano (como determinado no Plano Nacional de Educação) e da regulamentação da educação privada. Educação é um direito constitucional de todos os cidadãos e cidadãs e não pode continuar a ser tratada como mercadoria. Ainda mais com a utilização de recursos públicos que deveriam ser investidos no fortalecimento da educação pública, gratuita e de qualidade socialmente referenciada.
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino – Contee
Aumenta o número de alunos em escolas particulares
O número de estudantes matriculados em escolas particulares aumentou, de acordo com dados do Censo Escolar da Educação Básica de 2014, divulgado nesta semana pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A rede privada concentra atualmente 18,3% das matrículas, com 9.090.781 de alunos.
Em 2008, as escolas particulares tinham participação de 13,3% das matrículas. Em seis anos, a rede aumentou gradativamente sua participação, tendo atingido 16,5% em 2012. As matrículas contemplam alunos registrados em creches, pré-escolas, escolas de ensino fundamental e médio.
Ao todo, o Brasil registrou 49,8 milhões de alunos matriculados em instituições de ensino básico e educação infantil. O número total tem caído ao longo dos anos: em 2008, eram 53,2 milhões, e, em 2013, chegou a 50 milhões. A redução é uma tendência que já vinha sendo esperada por analistas da área e acontece em decorrência da queda na taxa de natalidade no país.
O ensino fundamental é a maior etapa de toda educação básica e abriga 28 milhões de alunos. Destes, 15,7 milhões cursam os anos iniciais e 12,8 milhões os anos finais. No ensino médio, o número de matrículas permaneceu estável no decorrer dos anos, afirmou o Ministério da Educação. A frequência dessa etapa é de 8,3 milhões de alunos, 95,9% desse total em áreas urbanas.
Fonte: Veja
Novo ministro da Educação defende reforma do currículo do ensino médio em até dois anos
Os dados e problemas são conhecidos. Distorção idade-série, alto índice de evasão e estagnação nos resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) fazem do ensino médio uma das etapas mais preocupantes do sistema educacional brasileiro. Entre as diversas soluções tentadas nos últimos anos, uma voltou a ganhar força: a necessidade de reformular o currículo dessa etapa de ensino, como defendeu o novo ministro da Educação, Cid Gomes, assim que tomou posse.
Mas será que mais uma mudança seria capaz de causar um alto impacto no rendimento dos jovens? Por que tentativas anteriores não surtiram efeito? Além disso, até que ponto enxugar o número de disciplinas obrigatórias, como defendida por alguns especialistas, é realmente necessário?
“O ensino médio tem um currículo extenso – não podemos negar isso -, mas esta não é propriamente a questão. Tanto não é que as grandes redes privadas oferecem duas vezes o total de disciplinas das escolas públicas. A questão é a forma de organizar o currículo”, defende o professor e pesquisador Moaci Alves Carneiro, autor do livro O nó do ensino médio (Editora Vozes, 2012).
Durante divulgação do fraco desempenho das redes responsáveis pelo ensino médio no Ideb ainda em 2012, o então ministro da Educação Aloísio Mercadante anunciou a proposta de unificar as disciplinas nos quatro blocos cobrados pelo Enem: ciências humanas, ciências da natureza, linguagens e matemática. Durante a campanha presidencial de 2014, a candidata reeleita Dilma Rousseff voltou a tocar na questão. “O jovem do ensino médio não pode ficar com 12 matérias, incluindo nas 12 matérias filosofia e sociologia. Um currículo com 12 matérias não atrai o jovem”, disse a presidenta. Desde que voltaram a fazer parte do currículo, em 2009, essas disciplinas foram consideradas vilãs do “inchaço” na grade curricular, e ainda lutam por reconhecimento de sua importância.
Não é a primeira vez que o currículo é apontado como o fator problema. Adotados no ano 2000, os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio chegaram com a missão de reorganizar a base curricular para integrar os alunos “ao mundo contemporâneo nas dimensões fundamentais da cidadania e do trabalho”. O documento cita que, até então, “tínhamos um ensino descontextualizado, compartimentalizado e baseado no acúmulo de informações”. Os novos Parâmetros buscavam, portanto, “dar significado ao conhecimento escolar, mediante a contextualização; evitar a compartimentalização, mediante a interdisciplinaridade; e incentivar o raciocínio e a capacidade de aprender”.
Quatorze anos depois, as críticas continuam as mesmas. Para Rafael Mingote, professor e coordenador do ensino médio e do ensino fundamental II em uma escola particular de Paranoá, cidade-satélite do Distrito Federal, ainda falta proximidade do currículo com a realidade dos alunos. “Tenho um leque de oportunidades e discussões que estão além do currículo, mas que não podem ser exploradas por causa desta prisão que é este ensino conteudista”, lamenta.
O efeito ensino superior
“Nas minhas andanças pelo país, tenho visto escolas reduzirem o ensino médio a dois anos e transformarem o terceiro ano em um cursinho, um preparatório para o Enem e para o vestibular. Estamos na antessala do desastre final”, ressalta Moaci Carneiro.
O Enem e as provas de acesso ao ensino superior continuam sendo os grandes responsáveis pelo currículo dessa etapa escolar. “Os vestibulares da USP, da Unicamp e da Unesp praticamente determinam o modelo de ensino médio do Brasil inteiro”, diz Ulisses Araújo, professor da escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP Leste.
E a situação deve continuar assim pelo menos pelos próximos dois anos, o prazo estabelecido por Cid Gomes para reorganizar a etapa. Em 2014, apesar das declarações da presidente, poucas ações se concretizaram. Das 11 reuniões programadas para discutir o projeto de lei 6840/13, que trata da jornada de tempo integral e dispõe sobre a organização do currículo, oito não aconteceram (por cancelamento ou falta de quórum) e apenas duas têm as atas disponíveis no site da Câmara dos Deputados. Já o site e os fóruns de discussão online do Pacto Nacional para o Fortalecimento do Ensino Médio não têm atualizações desde o período do lançamento, em 2013.
Antes de deixar o cargo, o ex-ministro Henrique Paim confirmou à Educação que o MEC realizou uma consulta a todos os secretários de educação estaduais e do Distrito Federal e a cada uma das representações estaduais da União dos Dirigentes Municipais de Educação a fim de coletar informações para a construção de uma base nacional comum curricular: Até o fechamento da edição, a pasta ainda estava aguardando o recebimento de todas as respostas para então produzir um estudo nacional que irá subsidiar as discussões em torno dessa base nacional comum.
Fonte: Revista Educação
Especial reúne dicas de leituras para os professores durante período de descanso
Tecnologias assistivas favorecem inclusão escolar de alunos com deficiência
Livros falados, línguas (Libras), sistemas de leitura (Braille), computadores adaptados, materiais acessíveis, recursos para mobilidade, sinalização, mobiliário que atenda às necessidades posturais. Esses são alguns recursos que auxiliam a comunicação e o aprendizado de quem tem necessidades especiais. Conhecidos como tecnologias assistivas, esses recursos devem estar disponíveis no ambiente escolar para garantir o direito à educação inclusiva. Segundo o decreto 7.611/2011, da Presidência da República, essas tecnologias são voltadas a “favorecer a participação do aluno com deficiência nas diversas atividades do cotidiano escolar, vinculadas aos objetivos educacionais comuns”.
Para o professor da Universidade Federal da Bahia, Teófilo Galvão, que é doutor em Educação e membro do Comitê de Ajudas Técnicas da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, as tecnologias assistivas são um dos elementos fundamentais para se promover a inclusão escolar, assim como a formação de professores e a acessibilidade física. “Essas tecnologias permitem a equiparação de oportunidades, pois oferecem recursos para que os alunos com deficiência tenham as mesmas possibilidades de aprendizado que os demais alunos”.
Para aproximar alunos e professores dessas tecnologias que favorecem o aprendizado, foram criadas as Salas de Recursos Multifuncionais, que fazem parte do programa de Atendimento Educacional Especializado (AEE), política do governo federal para promover a inclusão nas escolas brasileiras. De acordo com o Censo Escolar de 2013, apenas 12% das escolas do país possuem salas de recursos multifuncionais para a oferta do AEE.
Um recurso assistivo que pode tornar a escola mais acessível para as pessoas surdas é a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Para Cristina Feitosa de Lacerda, professora Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), em muitas escolas, a inclusão dos surdos está resumida à existência do intérprete da língua de sinais na sala de aula. “Na verdade, os alunos precisam de um currículo adaptado, principalmente da língua portuguesa, precisam de um jeito especial de se ensinar o português”.
Por: Sinpro MG